Trabalhei com categorias Infantil e Juvenil no fim dos anos 90 e começo dos anos 2000. E aprendi rápido que a carreira de muitos garotos não acabava por falta de talento — acabava por falta de disciplina.
E, acima de tudo, por falta de respeito ao próprio corpo.
Eu via de tudo: atleta chegando no vestiário na segunda-feira ainda com roupa de balada, olho pesado, cheiro de ressaca e zero horas de sono. Alguns vinham direto da noite para o treino. Outros, quando moravam nas instalações do clube, inventavam lesões para escapar da sessão física.
O talento segurava alguns por um tempo… os medianos? Sumiam.
E sumiam não porque eram ruins, mas porque tentavam ser atletas vivendo como amadores.
Só que a vida cobra — e cobra em forma de fadiga.
Fadiga física x fadiga mental — e o preço que se paga
Fadiga não é só cansaço muscular.
Fadiga é acúmulo.
É escola, provas, deveres, treinos, viagens, pressão, cobrança, expectativa… e, claro, as primeiras “namoradas”, que eu falo brincando, mas que roubam foco, atenção e energia.
Aos 15, 16, 17 anos, a cabeça trabalha mais do que o corpo aguenta. E quando a mente está esgotada, o corpo paga a conta.
No Tao do esporte, existe uma ideia fundamental:
o cansaço é uma força natural — você não vence ele, você aprende a trabalhar com ele.
No atletismo, isso aparece quando o atleta para de lutar contra a dor e começa a dividir o percurso mentalmente, observar o ritmo, a técnica, a postura.
No futebol, isso é ainda mais cruel: quem não descansa, não rende. Quem não rende, não joga.
A psicologia esportiva confirma:
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mente cansada → tomada de decisão lenta
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tomada de decisão lenta → erro
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erro → banco
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banco → perda de confiança
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perda de confiança → queda de carreira
É uma cascata.
E tudo começa no sono, na recuperação, na disciplina.
Descobrir novas fontes de energia
Existe um conselho simples que eu aprendi no esporte e na vida:
“Descubra novas fontes de energia.
O cansaço nunca desaparece totalmente.
Mas quando você para de jogar lenha na fogueira — álcool, noite, excesso, ego — você já recupera 40% de força nova.”
Descanso não é luxo.
É estratégia.
É fundamento.
A verdade mais dura
Atleta não é jogador de final de semana que termina a partida tomando cerveja com os amigos.
Atleta não é quem treina só quando quer.
Atleta não é quem vive como amador e espera resultado de profissional.
A verdade é simples, dura e justa:
Não existe alto rendimento com corpo esgotado.
Não existe evolução com mente distraída.
Não existe futuro para quem insiste em sabotar a própria recuperação.
O que vi naqueles anos me ensinou uma coisa que vale para qualquer modalidade:
**O atleta que falha em descansar é tão amador quanto o que falha em treinar.
Descanso não é pausa — é parte do processo.
Ignorá-lo é escolher o caminho mais curto até o fracasso.**


